O Aggro (não) está morto (ou entendendo como funciona o meta)
[Artigo publicado originalmente no dia 8 de junho para os assinantes do canal ViktorKavBR na Twitch]
No último dia 27 de maio, tivemos atualizações no balanceamento de diversas cartas no Legends Runeterra, incluindo um esperado enfraquecimento no deck aggro de Piltover e Zaun e Noxus, através de nerfs em cartas como Retaguarda da Legião e Bombardeiro Novato.
“O deck está morto, não terá nem de perto os resultados que possuía antes”, clamaram alguns (eu incluso). No entanto, 15 dias passados da fatídica atualização, temos a presença cada vez mais frequente de decks agressivos em listas de torneios e nas filas ranqueadas, incluindo o outrora temido P&Z/Noxus que se mantém com um índice de vitórias superior à 55%. Afinal de contas, o que está acontecendo? O nerf não foi suficiente?
Apesar do título, este artigo não trata exatamente sobre decks aggro, midrange ou controles… Trata sobre metagame, equilíbrio e sobre usar as cartas certas de acordo com o tempo em que se vive.
Afinal de contas, o que é Metagame?
Numa explicação simples, o metagame (ou meta, ou ambiente) consiste nos tipos de deck que estão populares no momento e que são esperados a aparecer com maior frequência em torneios ou na fila ranqueada do jogo. Ao conhecer as tendências do ambiente você terá uma vantagem competitiva aos demais jogadores por duas razões: poderá rapidamente reconhecer qual tipo de deck seus oponentes possuem, assim como suas estratégias, cartas e principais jogadas e, durante o processo de construção de decks, poderá selecionar cartas que se comportem positivamente contra os tipos de decks mais populares ainda que às custas de uma performance ideal contra decks mais raros.
É conhecer o meta que lhe permite ainda blefar ao fazer o oponente esperar por cartas que você simplesmente não usa, como manter 9 manas abertas jogando de Ilhas das Sombras num deck sem cópias de A Ruína, ou ainda criar decks completamente novos cujos adversários ainda não estão preparados para jogar contra.
É importante entender que o ambiente/meta funciona como uma entidade viva, fluída e em constante mudança. Perceber estas mudanças e o caminho que ela irá seguir pode ser a chave para vencer diversos jogos e finalmente alcançar um novo patamar na fila ranqueada.
Entendendo os últimos 15 dias
Apesar de ser um assunto que já havia abordado em stream, caso você jogue Legends of Runeterra pelo menos a cada dois dias, é possível perceber os decks que sumiram e surgiram desde o lançamento da 1.2. Caso você não saiba ou não lembre, segue um breve resumo:
1. P&Z/Noxus era, até então, o deck to beat. O deck mais jogado da fila ranqueada, representando quase 13% do ambiente, segundo dados do Mobalytics e com um índice de vitórias superior a 58%.
2. Diversos decks modificaram-se para melhorar sua matchup contra o P&Z, por sua frequência constante. Listas como Karma e Lux, focadas no ganho de vida, foram criadas. Corina Control era largamente utilizado como forma de resposta ao deck e listas como Ezreal/Karma e Bannerman adaptaram-se como puderam, geralmente adicionando cartas como Poção de Cura e Refúgio Espiritual às suas listas.
3. A atualização 1.2 foi lançada, com nerfs em cartas diversas, incluindo algumas então consideradas peças-chave em decks de P&Z/Noxus e decks da região de Demacia.
4. O ambiente desacelerou. Decks como Heimer/Vi, Bannermen e, principalmente, Monstros Marinhos começaram a ser amplamente utilizados. Outras listas midrange, como Ashe/Sejuani (também conhecida como Frostbite Control) e MF/Sejuani, fazendo uso da estratégia de roubo de cartas de Águas de Sentina também se tornaram populares.
5. Os decks foram modificados novamente. Refúgios Espirituais passaram a ser usados apenas quando absolutamente necessários nas listas, idem para Poções de Cura, que voltaram a sumir. Em diversos decks de Ionia, inclusive, Olho do Dragão passou a ser a única fonte de ganho de vida, ainda que muito eficiente.
Hoje
É importante deixar claro aqui que a Riot Games é muito eficiente no que ela faz. A empresa tem um time muito capaz de desenvolvimento e design e, ao realizar nerfs em determinadas cartas, são raras as vezes que elas tornam-se injogáveis, embora já tenha acontecido algumas vezes com Elnuks e durante algum tempo com o Hecarim, além de outras cartas.
Ao lançar a atualização 1.2, lembro-me de ter comentado que nenhum deck, exceto pelo P&Z/Noxus, havia acabado por causa das mudanças. Karma continuaria viva e sendo usada, idem para Meditação Profunda ou Despertar da Ninhada. No entanto, 15 dias foram suficientes para que a comunidade me fizesse morder a língua.
De novo, o meta é uma entidade fluida. Quando os decks aggro “ascenderam” durante as atualizações 1.0 e 1.1, os decks precisaram adaptar-se para lidar com isso. Quando o ambiente acredita estar tudo bem por causa das mudanças da versão 1.2 e abre mão das ferramentas para lidar com o Aggro, ele volta tão forte quanto já foi.
Numa metáfora para os nossos infelizes tempos, a situação é como quando, ao menor sinal de queda nas infecções pelo Coronavírus, nós relaxamos o isolamento e saímos às ruas completamente desprotegidos, sem máscaras, álcool gel, etc.. O segundo surto chega dias depois e bate tão forte ou pior quanto o primeiro.
O segundo surto
Analisando os dados do Mobalytics, que neste momento acumula cerca de 800 mil jogos em sua base de dados, P&Z/Noxus já é, NOVAMENTE, a combinação de regiões com maior winrate do meta atual, acumulando 55% de vitórias nas filas ranqueadas.
Em segundo lugar, está a combinação de Freljord/Ilhas das Sombras, lar de decks baseados em Aqueles que Perduram e em terceiro lugar, não coincidentemente, vem a combinação de Ionia/Noxus, cujo deck aggro elusivo tornou-se especialmente popular na última semana e consegue encerrar jogos tão cedo quanto no turno três. Isso mesmo, três.
É importante deixar o mais claro possível que, neste tópico do artigo, estou considerando combinações de regiões e não combinações de campeões.
Como lidar com isso?
Caso ao terminar de ler os tópicos anteriores você já tenha uma certa ideia sobre como o ambiente funciona, quais passos ele deu e por onde ele deve andar, provavelmente você também já sabe quais decisões deve tomar para aumentar seu índice de vitórias no jogo. No entanto, aqui não há problema em usar uma cola. Dito isso, seguem algumas opções para os próximos dias.
Junte-se a eles. O ambiente é uma entidade fluida, porém lenta. Não são todos os jogadores que mantém-se atualizados sobre o meta, especialmente nos elos mais baixos. Decks agressivos devem manter-se fortes durante mais alguns dias, especialmente contra decks de unidades midrange, porém extremamente lentos como MF/Sejuani, Lux/Heimer, Swain/Sejuani e afins.
Jogue contra a tendência. Se nós iremos ver cada vez mais decks agressivos povoarem o ambiente, talvez seja a hora de antecipar-se e levar para a fila ranqueada decks que apresentem bons matchups contra estes aggros. CorVina Control, Fearsome Endure e Swain/TF possuem excelentes matchups contra P&Z/Noxus, por exemplo. A medida que o ambiente for tornando-se mais agressivo e sua curva de aprendizado for alcançando o topo, você irá se ver ganhando muito mais partidas que nos dias anteriores.
Adapte-se. Caso você não tenha muitos decks à disposição, você ainda pode preparar-se contra a invasão de decks agressivos que está acontecendo agora. É o momento de trazer as respostas que eram usadas até o último dia 28: Poções de Cura, Refúgios Espirituais, Olhos do Dragão, Guardiãs Radiantes, Devorador de Almas, Banquete Cruel, etc..
15 dias depois
Não sou muito fã de exercícios de futurologia. Na maior parte dos casos, quem muito acerta, muito chuta e, normalmente, apenas recorda dos momentos em que estava certo. Ainda assim, é possível ditar algumas tendências do jogo até o lançamento da atualização 1.4
1. Produtos Surrupiados e Mercador Clandestino oferecem uma vantagem de cartas muito alta, muito cedo e por um custo baixíssimo. Todos os decks que possuem cartas de Águas de Sentina devem separar 6 espaços para três cópias de cada uma das cartas enquanto elas não são nerfadas.
2. Sejuani será cada vez menos vista conforme os decks agressivos se tornem mais presentes. E desaparecerá completamente do meta caso Kinkou Elusives volte a ser jogado com a frequência que já teve anteriormente.
3. Monstros Marinhos continuará popular. Contudo, irá adaptar-se novamente para anular aberturas agressivas dos oponentes.
4. Aqueles Que Perduram se manterá como um dos principais decks por lidar, sem maiores problemas, com a maior parte do meta.
5. Bannermen provavelmente continuará sendo o deck que está no topo do meta desde o início do Beta de Legends of Runeterra (talvez com a ajuda de cartas de Ionia novamente).
Boa sorte na fila ranqueada, muito obrigado pelo suporte e até semana que vem! (ou a próxima stream!)
Vic
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Esse conteúdo faz parte de uma série de artigos que publico semanalmente e são enviados com exclusividade para os assinantes (subs) do meu canal na Twitch.
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