Como definir a sua mão inicial ideal

O jogo começa antes do que você imagina.

Uma das principais qualidades de um bom jogador de Legends of Runeterra é entender como fazer um bom “mulligan”. Sei que esse termo não existe no LoR, mas a possibilidade de dispensar cartas da sua mão inicial está presente em card games há muito tempo. Apesar da origem do termo ser desconhecida, ela é particularmente popular por causa do Golfe e, basicamente, significa você ter uma segunda oportunidade para realizar determinada ação suprimindo fatores relacionados à sorte e chance.

E aí é que está: reduzir o fator “sorte” ao remover as piores cartas presentes na sua mão inicial em cada partida ou buscar uma peça específica da sua estratégia contra o oponente é essencial para que você possa triunfar no jogo. E apesar da importância da decisão, é bem comum encontrar jogadores iniciantes confusos sobre quais cartas remover além das cartas de custo altíssimo que não poderão ser jogadas até o turno 8, 9 ou mesmo 10. Vamos tentar resolver isso hoje.

Uma das primeiras coisas que você precisa entender é que, exceto por cartas que claramente não fazem parte do seu plano de jogo inicial, toda decisão parte de um contexto. Elas são tomadas levando em consideração não apenas o seu próprio deck, mas o que o oponente vai apresentar do outro lado da mesa e os planos de jogo de cada um para alcançar a vitória. E este artigo está dividido em três considerações que, normalmente, criam o contexto necessário para a decisão.

Consideração #1 - Olhe para si!

Entenda as cartas chave do seu baralho e o que costuma funcionar. Se você joga de Bannerman e tem em sua mão inicial uma Fiora, você pode querer escolher procurar cartas que sinergizem bem com ela, tais como: Protetora Acíaria, Ripostar, Chefs de Guerra, etc.. E, se você sabe que precisa desenvolver sua mesa com unidades pequenas para serem fortalecidas pelo Porta-Estandarte da Vanguarda, é bem possível que você queira livrar-se de Garen, Cithria e outras cartas de custo cinco ou mais.

No entanto, livrar-se de cartas de custo alto não deve ser uma lei imutável. De novo, tudo depende de contexto: apesar de que a ideia de manter uma carta de 12 manas na mão inicial possa parecer uma loucura na maior parte dos casos, se você joga com apenas uma Chamado da Mãe da Guerra no seu deck e abre uma mão com a única cópia da carta, dois Catalisador das Eras e uma Avalanche, em muitos matchups você pode escolher manter todas as cartas na mão, apesar de não poder jogar qualquer uma delas até o terceiro turno. Para este tipo de deck, esta mão inicial pode parecer uma boa opção, mas ainda assim é bastante importante saber não só como seu deck roda, mas como funciona o deck do seu oponente e como ele irá se comportar contra você. E aí você me pergunta: “Peraí. Tenho que analisar meu oponente ao decidir minha mão inicial?”. Pois é… Eu disse que iríamos TENTAR resolver isso hoje.

Consideração #2 - Olhe para o outro!

Embora você não seja obrigado a saber o deck do oponente ao bater o olho nos campeões e regiões que ele está utilizando nos elos mais baixos, essa é uma qualidade importante de ser desenvolvida conforme você avança no jogo competitivo. Com o tempo, você não só identificará a estratégia do oponente como poderá vasculhar na sua cabeça quais as principais ameaças daquelas regiões ou daquele deck em específico e do que você precisa para responder ou contra-atacar.

Se você escolheu jogar de Ilha das Sombras / Águas de Sentina Sea Monsters e encontrou na fila ranqueada um oponente com Noxus / Piltover Draven Burn, você provavelmente irá querer ter na sua mão inicial cartas como Sapo Espinhoso, Florimorta Errante e Banquete Cruel para segurar a agressividade do oponente.

Na situação oposta, o oponente poderá procurar por cartas como Discípula Carmesim, Disparo Místico e Reta da Morte para negar ou pelo menos atenuar o ganho de vida das suas unidades.

Os melhores jogadores de Runeterra não só buscam as melhores cartas na sua mão inicial como consideram as melhores cartas possíveis na mão do oponente e jogam em torno disso. Ponderar a possibilidade do adversário estar com determinada opção na mão e agir preparado para responder à ameaça pode ser a chave para vencer um jogo.

Consideração #3 - Trace e siga o seu plano!

Toda vez que receber uma mão de abertura, você precisa pensar em como o jogo seguirá. Você já sabe o que vai fazer nos primeiros turnos? Faz ideia de como você irá vencer esta partida e o que precisa acontecer para alcançar o seu plano?

Algumas mãos irão te oferecer planos por si só e precisam de pouquíssimas decisões. Se você está jogando de Noxus / Piltover, atacando primeiro, e abre uma mão com Retaguarda da Legião, Bombardeiro Novato, Draven e Disparo Místico, não há muito o que se pensar. O jogo te apresentou um plano viável o suficiente e completamente dentro da sua curva de mana* inicial e token de ataque.

No entanto, se na mesma condição de atacante em turnos ímpares (1, 3, 5, 7…) sua mão inicial apresentar uma Demolidora Imperial, um Draven, um Remexida e um Fervor de Noxus. Qual o plano? Quais cartas você deve mudar? Você deve mudar alguma carta?

Te apresento algumas opções dentre diversas possíveis e cenários em que cada opção poderia ser uma escolha viável:

1. Abrir mão do Remexida e do Fervor de Noxus em busca de unidades na curva 1 para serem alvo da Demolidora Imperial.

2. Abrir mão exclusivamente do Fervor de Noxus e manter o Remexida pela sinergia com o Draven.

3. Manter a mão inicial intacta.

Se você escolhe a opção 1, provavelmente o seu plano envolve assumir o papel mais agressivo possível. Isso pode acontecer pois você está numa partida contra um deck midrange que consegue tomar as rédeas do jogo cedo o suficiente caso você não possua um início particularmente explosivo.

Se você escolheu a opção 2, você pode estar jogando um mirror ou uma partida contra outro deck aggro e julgou importante a vantagem de cartas oferecida pela sinergia entre Remexida e o Revolução do Machado gerado pelo Draven ao bater. 

Se você escolheu a opção 3, você está assumindo ainda mais o papel de control contra outro deck aggro, mantendo em sua mão cartas que removem ameaças do outro lado da mesa e cartas que geram novas cartas. Ou ainda jogando contra um deck aggro que possua unidades relevantes no início do jogo e que devem ser eliminadas o quanto antes.

Em todo caso, perceba que não existe uma resposta correta. Tudo depende. Depende do seu deck, depende do deck do oponente e depende do plano de jogo que você deseja traçar contra ele. E segue um exercício para partidas futuras: durante o breve momento em que você tem acesso à sua mão inicial, tente sempre traçar um jogo imaginário entre você e o seu adversário e seguir por turnos a fio, considerando suas jogadas e as possíveis respostas. Com o tempo e prática, sua capacidade analítica irá aumentar e a imaginação tenderá a se tornar realidade com cada vez mais frequência.

E uma consideração final…

Não se deixe abater caso, mesmo após ler tudo isso, você ainda sentir-se confuso ao escolher as cartas iniciais da sua mão no próximo jogo. Uma das qualidades do Legends of Runeterra é estar em constante evolução e mutação, com um novo metagame sendo estabelecido a cada quinzena ou ainda mais rapidamente que isso. Apesar de existir uma curva de aprendizado geral para a teoria por trás das escolhas, ainda há uma curva de aprendizado específica para cada deck que você utilizar e cada um dos confrontos que você estiver jogando. E é por isso que, ao tentar subir a ladder, é tão importante manter-se com o mesmo deck o máximo possível.

Muito obrigado pelo suporte e até semana que vem! (ou a próxima stream!)

Vic

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[Artigo originalmente publicado 05/05/2020 para os assinantes do canal ViktorKavBR na Twitch]

Acesse http://twitch.tv/ViktorKavBR e Escola Runeterra

*(A "curva de mana" é a aplicação da teoria de otimização de mana na construção de decks ou ao definir sua mão inicial no Runeterra. Ao organizar as cartas que devem entrar no baralho pelo custo de conjuração, o jogador pode ver qual a probabilidade de conseguir utilizar da melhor maneira a mana de cada turno. Ou seja, jogar uma carta ou cartas com custo ou custos de conjuração com um total igual à mana disponível em cada turno)